O Brasil tem boas perspectivas para o desenvolvimento da educação profissional, mas o jovem ainda precisa reconhecer a formação técnica como uma forma de acessar o mundo do trabalho.
Essa é a avaliação de autoridades da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e especialistas de outras instituições. Eles estiveram na Conferência Internacional de Educação Profissional, organizada pelo Senai do Paraná, no início deste mês.
Confira algumas das frases mais marcantes desses profissionais durante o evento, que definem o cenário atual da Educação Profissional na América Latina:
1. Jovens precisam ver a educação profissional como oportunidade de carreira
A universidade como o único futuro promissor precisa ser desmistificada, segundo o gerente de programas sênior do Centro Internacional de Formação da OIT, Alexis Hoyaus. Ele afirma que, não somente na América Latina, mas em países desenvolvidos da Europa, a educação profissional ainda tem status menor.
O jovem também precisa tirar o foco das ciências humanas. “O crucial nesse momento é a busca por emprego e há uma demanda por gente qualificada no setor de engenharia, e isso em nível internacional”, explica. A profissionalização para a indústria é um caminho, inclusive, para que o Brasil possa deixar a crise econômica para trás, na opinião de Hoyaus.
2. Existe uma lacuna entre formação profissional e as necessidades da indústria
Essa é a opinião do especialista da Escola de Administração de Moscou, na Rússia, Pavel Luksha. Eventos como a Conferência Internacional podem criar uma agenda na América Latina para a educação profissional. “O Senai é um modelo único que outros países poderiam seguir”, afirmou.
3. O Brasil é um bom local para o desenvolvimento de aprendizagem de qualidade
“Há grandes oportunidades com a aprendizagem de alto nível”, destacou o especialista sênior em desenvolvimento de competências da OIT, Michael Axmann. Segundo ele, a participação da indústria na educação profissional, como ocorre aqui, não é algo que se vê com frequência. “A necessidade de transformar as boas qualidades no trabalho setorial pelo Senai em programas de aprendizagem de boa qualidade acabará por aumentar a produtividade no Brasil”, disse.
4. É necessário descobrir a vocação de cada região industrial
Esse diagnóstico inicia com a análise do que os antepassados de determinada região produziam versus o que está sendo fabricado agora. “Isso precisa ser incentivado desde criança para que se possam desenvolver as competências”, explica a pesquisadora da OIT, Irmgard Nubler.
Ela dá como exemplo a região na Alemanha conhecida como Schwarzwald: há cerca de 250 anos, ela era habitada por famílias que produziam relógios cuco. As habilidades desenvolvidas por essas pessoas possibilitaram que empresas com trabalho preciso se desenvolvessem naquela região, como as indústrias automotivas – Audi, Bosch e Mercedes, por exemplo.
5. A Indústria 4.0 vai exigir muito mais dos profissionais
Para Victor Teles, gerente didático da multinacional Festo, as novas profissões dessa nova indústria envolverão habilidades como criatividade, cognição e inovação. “Por isso, qualificação é fundamental. Vemos que o Senai é a instituição que mais busca esse conceito de inovação e o interesse em atuar com a indústria”, comentou.
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