A indústria precisa romper o passado para garantir sua presença no futuro
Por Carl Kawasaki
Não se pode continuar produzindo produtos antiquados para atender às novas gerações de perfis de consumidores. As pessoas mudaram e a indústria precisa acompanhar, ou estar à frente, do que está por vir. Prever as próximas mudanças que acontecerão cada vez mais rapidamente.
O que antes utilizávamos o dedo indicador para operações que exigiam precisão, hoje surge uma geração que influenciará as próximas. Isso é realizado através da utilização do polegar opositor. É surpreendente como o aumento de destreza mudou a forma de usabilidade e navegabilidade. O avanço tecnológico tem o poder de proporcionar melhorias e novas experiências, mas muitas vezes precisamos aceitar a mudança na forma de utilização de um produto. A nova geração já se mostrou disposta e exigente por uma constante quebra de paradigmas. À medida que avançamos rumo a esse novo estilo de vida, os valores estéticos de um produto são engolidos por funções que impactam positivamente na vida das pessoas. De forma a ser uma extensão de seus corpos, auxiliando em tarefas e funções em suas vidas.
A humanidade está mudando sua forma de viver e interagir com os objetos que nos cercam desde o início de nossa existência. À medida que nós desenvolvemos tecnologicamente, passamos a proporcionar conexões através de dispositivos que geram experiências cada vez mais imersivas. A visualização e interação em 2D dão espaço para um universo tridimensional, capaz de oferecer informações e detalhes minuciosos mais vinculados aos produtos. Este universo aproxima e mescla o real com o virtual. Sai-se do plural para dar espaço ao singular. Onde a utilização é cada vez mais personalizada para o indivíduo, abrindo infinitas possibilidades de conexões com o maior número de pessoas e dispositivos.
O design tem como propósito compreender as tendências que estão por vir, abandonar os antigos pensamentos arcaicos e buscar novas visões que transcendam em direção a algo que ainda não existe, mas que é necessário. Deixa-se de seguir para gerar tendências originais. Rompe-se com o cordão umbilical das revoluções industriais passadas, como o seguinte discurso de Henry Ford: "O cliente pode ter o carro da cor que quiser, contanto que seja preto." Isso já não condiz com a realidade. O faturamento de uma empresa não pode estar preso apenas à redução de custo de produção, mas sim ao valor agregado que o produto possa carregar através de um bom projeto de design de produto.
À medida que avançamos para o futuro, é crucial que as indústrias adotem uma mentalidade inovadora, abracem as tecnologias emergentes e antecipem as necessidades e desejos dos consumidores. A integração perfeita entre o mundo físico e o digital, combinada com a personalização e o design de experiência imersivo, abrirá caminho para um universo de infinitas possibilidades. O design desempenha um papel fundamental nessa jornada, guiando-nos em direção a um amanhã repleto de produtos e conexões sinestésico revolucionárias, que transcendem as fronteiras do que conhecemos hoje. O futuro é tudo aquilo que ainda não foi feito.