Aceleradoras e incubadoras, um empurrão valioso para transformar ideias em negócios rentáveis
Nem mesmo a mais genial das ideias sustenta sozinha um negócio. São necessárias estratégia inteligente, organização, alguma dose de planejamento e responsabilidade financeira para fazê-la prosperar. Ocorre que nem sempre o mais genial dos empreendedores possui as ferramentas para transformar um conceito inovador em empresa de sucesso.
Não por acaso tem crescido em importância a atuação de aceleradoras e incubadoras, que auxiliam empreendedores com aconselhamento, estrutura física e oportunidades de negócios para crescer, entre outros tipos de auxílio.
Há diferenças nos dois modelos. Incubadoras costumam trazer para seu ambiente empreendedores com negócios - ou somente a ideia- em fase bem inicial. Já as aceleradoras trabalham com empresas mais consolidadas que necessitam de alguma ajuda para buscar o crescimento. “A taxa de mortalidade de empresas nascentes é muito grande. É muito comum que boas ideias e bons produtos não sejam viáveis por falta de capacidade, visão, estratégia, definição de metas claras ou organizar o processo de venda”, explica Fabrício Lopes, gerente executivo de Tecnologia e Inovação do Sistema Fiep.
No local onde Lopes atua, a sede da Federação das Indústrias do Estado do Paraná, funciona uma das oito aceleradoras de startups da Fiep. Empresas se candidatam a serem aceleradas através de um edital público, em que apresentam documentos e mostram o chamado produto mínimo viável, ou seja, já devem ter um produto e um mercado consolidado. As startups são avaliadas por convidados, que incluem diretores de grandes empresas. Eles buscam prever o potencial do produto e analisam o perfil do empreendedor.
Os selecionados usam a estrutura física e intelectual por pelo menos um ano, com possibilidade de renovação. Recebem um espaço de 20m2 para trabalhar, são impactados por atividades de mentoria e seguem metas estabelecidas pela aceleradora para que busquem o crescimento. É uma forma de ampliar a capacidade de procura por recursos externos, melhorar as propostas de marketing e organizar as finanças, entre outras vantagens.
Há quase dois anos, Juliano Santos, um dos criadores do ADAM Robo, aparelho portátil que usa inteligência artificial para fazer testes de visão importantes de detecção e prevenção de doenças, entre outras utilidades, está na aceleradora da Fiep. “Nesse período a gente cresceu entre quatro e cinco vezes. Temos quase 15 pessoas trabalhando aqui, ampliamos o espaço e já temos uma fábrica, além da parte administrativa”, explica.
Juliano destaca que o apoio jurídico também é importante. “Temos acesso ao lançamento de editais, o pessoal daqui nos auxilia com as questões jurídicas disso. Há também um padrinho, que é nosso contato com a Fiep e nos dá auxílio diário, algo que todas as startups daqui recebem”, elogia.
Ambiente acadêmico é terreno fértil de boas ideias
Até pela característica de impulsionar ideias em estágios bem iniciais, as incubadoras muitas vezes são instaladas em universidades. A atuação torna-se relevante pela efervescência do ambiente acadêmico, sempre fértil em mentes criativas que por vezes ainda não têm ferramentas para estruturar seus planos.
Fundado em 1998, o Centro de Inovação, Empreendedorismo e Tecnologia (Cietec) gere a Incubadora de Empresas de Base Tecnológica da Universidade de São Paulo (USP) e do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN). Por meio de sua atuação, incentiva o empreendedorismo e a inovação tecnológica ao dar apoio à criação e consolidação de corporações com base tecnológica. “O objetivo é de, primeiramente, apoiar essas ideias que nascem com alunos e professores nesse ambiente da USP e também da área nuclear brasileira”, explica Sergio Risola, diretor-executivo do Cietec.
O escopo de atuação, porém, é bem mais amplo. Qualquer empreendedor que tenha uma ideia transformadora pode se candidatar a ser incubado no Cietec. O importante é que tenha algo de inovador em sua proposta. Há entre 100 e 110 startups hospedadas no local, recebendo diversos tipos de apoio: instrumentos, compartilhamento de conhecimento com a presença do Sebrae no centro, contato com investidores-anjo e consultoria jurídica, entre outros benefícios.
Segundo Risola, iniciativas como essa mostram que o Brasil tem posição de protagonismo na atuação de aceleradoras e incubadoras. “Eu diria que hoje, no mundo, o Brasil está na cabeça, junto com os modelos que estão bem avançados no Vale do Silício (EUA), Israel, Inglaterra e Chile, entre outros países”, avalia.