Indústria inova e desenvolve papel com fibras obtidas a partir do esterco bovino
Com o intuito de disseminar boas práticas em benefício ao meio ambiente, muitas organizações têm investido em ações inovadoras. A exemplo disso, a empresa BBA, do ramo de construção civil, com apoio do Instituto Senai de Tecnologia em Celulose e Papel de Telêmaco Borba, desenvolveu uma pasta química para fabricação de papel a partir do estrume bovino. “Com o crescimento das propriedades de leite na cidade de Castro, sentimos a necessidade de dar um destino correto ao esterco bovino. Após alguns testes, percebemos que poderíamos extrair uma significativa quantidade de fibra deste esterco e decidimos procurar o Senai para viabilizar a transformação desta fibra em celulose”, explica o proprietário da BBA, Alexandre Guedes. Segundo ele, a companhia é a primeira empresa do mundo a produzir celulose em escala industrial para produção de papel utilizando os dejetos bovinos.
O projeto já está em fase de estudo para implantação. O material fabricado deverá ser usado em vários tipos de embalagens - como papel de proteção de sapatos e peças, preenchimento de papel cartão, bem como para a confecção de papel higiênico, folhas de jornal, cadernos, entre outros. “Assim que soube do projeto nossa equipe técnica encarou o desafio”, conta Geraldo de Aguiar Coelho, pesquisador do IST de Celulose e Papel do Sistema Fiep. “O desafio foi tornar o produto viável levando em consideração extração, purificação, viabilidade técnica e tecnologia.”
Como o processo funciona
No primeiro momento, o esterco é lavado para a remoção de materiais e microrganismos. Após passar por uma fase de tratamento químico, as fibras celulósicas são extraídas e o material já pode ser utilizado para a fabricação do papel.
Benefícios ambientais
Segundo o pesquisador do IST, o projeto ajuda a reduzir impactos causados pelo excesso de dejetos bovinos que acabam saturando o solo. Estima-se que cada animal da indústria leiteira produza cerca de 45 quilos de esterco por dia. “O projeto beneficia o meio ambiente, evitando a poluição do solo e diminuindo a emissão de CO2 pela decomposição deste material, e contribui com a indústria leiteira, já que a remoção dos dejetos demanda muitos esforços”, afirma Geraldo.
IST
O IST em Celulose e Papel faz parte de uma rede de sete institutos de tecnologia do Senai presentes no Paraná e oferta ensaios laboratoriais e relatórios técnicos para o setor de celulose e papel; pesquisa aplicada e projetos de inovação; desenvolvimento de novas aplicações para resíduos lignocelulósicos e aproveitamento de resíduos.
O Sistema Fiep tem ainda dois Institutos Senai de Inovação (ISI), sendo um em Eletroquímica e outro em Engenharia de Estruturas, um HUB de Inteligência Artificial, Aceleradoras de startups e um Centro de Mobilidade Sustentável e Inteligente para apoiar as indústrias paranaenses a serem cada vez mais competitivas e produtivas por meio da inovação.
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