Nestlé e SENAI buscam soluções que promovam uma transição energética sustentável
Buscando incentivar o potencial desta solução, a Nestlé e o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) escolheram o tema: “Inovação em sustentabilidade energética e eficiência” como um dos desafios da chamada “Inovação em Alimentos: Transformando o Futuro do Sistema Alimentar”.
O objetivo é mapear ideias inovadoras que promovam a transição para uma matriz energética sustentável e que, também, ajudem a melhorar as cadeias produtivas da Nestlé. O edital, apoiado pela Confederação Nacional das Indústrias (CNI) e operacionalizado pelo Senai Paraná, conta com um aporte de R$ 6,25 milhões, sendo R$ 5 milhões da Nestlé e R$ 1,25 milhão do SENAI.
Quem pode participar da chamada?
A chamada tem como público-alvo Institutos Senai de Inovação, Institutos de Ciência e Tecnologia – ICT’s e universidades (públicas ou privadas), empresas da cadeia de valor do setor de alimentos e bebidas, pequenas e médias e grandes empresas, startups, empresas de base tecnológica e agências de fomento para projetos de P&D+I, com CNPJ ativo. A inscrição, com o desenvolvimento das alianças e submissão das propostas de projetos deve ser feita até o dia 4 de abril de 2024, no site: senaipr.org.br/futuro-alimentar
Potencial para expandir
De acordo com o relatório Energy Transition Investment Trends 2024, publicado pela BloombergNEF (BNEF), o investimento global na transição energética de baixo carbono aumentou 17% em 2023, atingindo US$ 1,77 trilhão. No entanto, considerando as características únicas do nosso país como matriz mais limpa, vocação natural para hidrogênio verde e alto volume de resíduos agropecuários que podem servir de insumo energético, a probabilidade é que os investimentos aumentem ainda mais nos próximos anos.
Segundo a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), em 2023, o Brasil bateu recorde de energia limpa, com 93% vindo de fontes renováveis. Mais da metade da energia gerada no ano passado (50 mil megawatts médios – MWm) vem de hidrelétricas, mas as usinas solares e eólicas têm acelerado o ritmo, com alta de 24% em relação a 2022, somando 13 mil MWm. De acordo com a projeção da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR), só a energia vinda do sol deve atrair R$ 39 bilhões em novos investimentos em 2024.
Embora o Brasil já tenha uma matriz energética de fontes renováveis, o país consome muito combustível fóssil, como gasolina, carvão mineral e óleo diesel. E é por isso que a Nestlé está buscando soluções inovadoras. Alexandre José Araújo dos Santos, coordenador do Instituto (IST) Mobilidade Elétrica e Energias Renováveis de Santa Catarina, aponta que a indústria de alimentos está entre os maiores consumidores de energia no Brasil. “Esse é um dos segmentos que mais vai utilizar da eficiência energética para diminuir custos no processo de fabricação, aumentar a competitividade e reduzir os gases de efeito estufa, que além de ajudar na manutenção da vida no planeta, cria oportunidades de negócios sustentáveis”.
Busca por eficiência
De acordo com o profissional, a política de eficiência energética é fundamental para reduzir custos operacionais, proporcionar maior economia e aumentar a produtividade e competitividade.
A troca de maquinários por equipamentos mais modernos e a implantação de tecnologias para gestão de perdas e controle de consumo são apenas algumas das ações que podem ser feitas dentro das empresas. Para as indústrias do segmento alimentar que desejam incorporar ações sustentáveis, o profissional recomenda:
“Programas como o Novo Brasil Mais Produtivo, que oferece consultorias voltadas para eficiência energética industrial e que proporciona economia e aumento da produtividade nos processos de fabricação, também são uma boa alternativa”, finaliza.
Práticas sustentáveis nas operações da Nestlé
Para se ter uma ideia das ações realizadas pela Nestlé, 100% das fábricas operam com energia renovável e todos os resíduos são destinados para coprocessamento, reciclagem ou compostagem. As 5 fábricas leiteiras do Brasil (Araçatuba, Goiânia, Ibiá, Ituiutaba e Montes Claros) também utilizam água de reuso da fabricação do leite em pó e leite moça, que no processo de secagem, libera uma quantidade significativa de água.
Além disso, desde o início de 2022 a companhia vem acelerando sua transição para o uso de energia limpa, em linha com a meta global de ser uma empresa Net Zero em 2050. Além de ampliar sua matriz energética com o uso de biomassa, o próximo passo agora é adotar o biometano como o combustível verde em caldeiras e fornos, em projeto piloto iniciado na fábrica de Araçatuba (SP).
Com isso, a fábrica passará a ter 20% de sua matriz de gases combustíveis abastecida com biometano até o final de 2024, substituindo o fornecimento que hoje é feito principalmente com gás natural; a maior parcela da energia elétrica e térmica seguirá sendo de fontes renováveis como eólica e biomassa (com 55%).