O papel do hidrogênio verde na descarbonização industrial
A transição energética global tem colocado o hidrogênio verde (H2V) no centro das estratégias para reduzir as emissões e impulsionar a sustentabilidade industrial. No Brasil, com sua matriz energética altamente renovável, as oportunidades para a produção e uso do H2V são promissoras, especialmente em setores industriais de difícil eletrificação, como siderurgia, química e transporte de longa distância.
Mas afinal, o que torna o hidrogênio "verde"?
Embora o hidrogênio seja o elemento químico mais abundante do universo, ele raramente é encontrado em sua forma pura na Terra. Para utilizá-lo como fonte de energia, é necessário extraí-lo de compostos como água (H2O) ou metano (CH4). Quando o processo de extração é realizado por eletrólise da água, utilizando eletricidade gerada por fontes renováveis, o hidrogênio produzido recebe o selo de "verde", pois não gera emissões de carbono durante sua fabricação.
Diante desse cenário, o Brasil se destaca globalmente devido ao seu potencial para gerar eletricidade renovável a custos reduzidos. Um estudo da Confederação Nacional da Indústria (CNI) revela que o país já conta com mais de 60 projetos de H2V, somando investimentos superiores a R$ 188 bilhões. O Porto de Pecém (CE) lidera os investimentos, seguido por estados como Piauí e Rio de Janeiro, que também possuem grande capacidade instalada para a produção por eletrólise.
Além disso, a recente aprovação do marco legal do hidrogênio de baixo carbono (Lei 14.948/2024) reforça o compromisso do Brasil com a descarbonização. A legislação estabelece incentivos fiscais e diretrizes para expandir esse mercado, colocando o país na rota dos grandes produtores globais de hidrogênio sustentável.
Aplicações e benefícios
O hidrogênio verde desempenha um papel imprescindível em indústrias que exigem calor em alta temperatura e não podem ser facilmente eletrificadas. Na siderurgia, por exemplo, ele substitui o coque na produção de aço, possibilitando a fabricação de "aço verde" com menor pegada de carbono. No setor químico, o H2V viabiliza a produção de amônia e metanol sustentáveis, essenciais para fertilizantes e combustíveis sintéticos.
Outro benefício importante do hidrogênio verde é sua versatilidade. Ele pode ser utilizado diretamente como combustível, armazenado para geração de eletricidade ou convertido em derivados para diversas aplicações industriais. A produção descentralizada no Brasil também ajuda a evitar custos elevados com transporte e melhora a segurança energética do país.
Desafios e perspectivas
A produção de hidrogênio, seja proveniente de fontes renováveis ou fósseis com captura de CO2, tem se mostrado uma estratégia vital para a descarbonização de setores industriais de difícil abatimento, como os de aço, vidro, química, alumínio e fertilizantes. O hidrogênio também desempenha um papel central na agropecuária, já que 70% da sua produção é destinada à fabricação de fertilizantes nitrogenados, essenciais para a segurança alimentar mundial.
Considerando que o Brasil ainda depende da importação desses fertilizantes, o desenvolvimento da produção interna de amônia, impulsionado pelo mercado de hidrogênio de baixo carbono, representa uma oportunidade estratégica para o país gerenciar sua balança comercial e atender às metas do Plano Nacional de Fertilizantes 2050.
Além disso, a crescente capacidade de eletrólise no Brasil se destaca como um ponto fundamental para o desenvolvimento da indústria de hidrogênio verde. O maior projeto do país, localizado no Porto de Parnaíba, terá 10 GW de potência, suficiente para abastecer cerca de 15 milhões de pessoas. O Ceará lidera, com 15,9 GW, seguido pelo Piauí, com 15,6 GW.
Embora muitos projetos visem à exportação, a produção descentralizada de hidrogênio de baixo carbono, utilizando energia da rede ou gerada localmente, surge como a solução mais viável no país. A autoprodução oferece vantagens econômicas e ambientais, eliminando custos de transporte, reduzindo a necessidade de comercialização e impostos, e ainda utilizando o oxigênio gerado para melhorar a combustão, especialmente em processos industriais.
Por mais que o hidrogênio verde enfrente desafios, como altos custos de produção e a necessidade de infraestrutura específica para armazenamento e transporte, espera-se que, com os avanços tecnológicos e políticas públicas adequadas, o custo do H2V diminua nos próximos anos, tornando-o mais acessível para diversos setores da economia.
Nesse contexto, o Senai Tecnologia e Inovação do Paraná se destaca ao oferecer suporte às empresas interessadas em adotar tecnologias verdes para a produção de hidrogênio. Além disso, o Senai também explora soluções inovadoras no tratamento de resíduos e efluentes, utilizando processos químicos e biológicos.
Com uma equipe altamente especializada em pesquisa, desenvolvimento e inovação, e o apoio da área de metrologia, o Senai está preparado para enfrentar os desafios do futuro e contribuir com soluções sustentáveis para o setor. Saiba mais sobre os nossos serviços clicando aqui