O propósito de vida de Carl Kawasaki vai além do design de produtos no IST Metalmecânica
Insights23/03/2023
Filho de pai japonês e mãe brasileira, o designer de produtos, Carl Kawasaki,
está no Sistema Fiep desde 2014. Nasceu no Brasil, mas morou no país asiático com a família dos
7 aos 10 anos. Após um forte terremoto na cidade de Kobe, em 1995, onde viviam, a família voltou ao Brasil.
Mas, a influência do país na vida do profissional continuou se manifestando. Dos 18 aos 21 anos ele retornou
ao Japão com o intuito de descobrir sua aptidão e ter uma boa base de informações para fazer suas
próprias escolhas profissionais. Foi nessa época que trabalhou em uma montadora, na parte de produção
de bombas de óleo. Se relacionando com engenheiros e designers, descobriu esse universo e voltou ao Brasil decidido
que iria cursar sua faculdade de Desenho Industrial com habilitação em Design de Produtos, área que mais
tarde viria também a se especializar em Gestão Estratégica de Design e Ergonomia.
Depois de quatro anos no Sistema Fiep em Maringá, em 2018, participou de um processo
seletivo do governo japonês e ganhou uma bolsa para se especializar em Design Contemporâneo e Design de experiência.
Com uma licença de seis meses da empresa, conseguiu fazer uma imersão completa nesse segmento, tendo a oportunidade
de fazer um estágio na GK Design, maior escritório da área no Japão e um dos mais bem conceituados
do mundo. “Lá eu tive oportunidade de viajar por muitas regiões, conhecer e experimentar cerimônias
do chá, um ritual milenar que trabalha os cinco sentidos, e entender como os japoneses incorporam essa cultura aos
produtos que exportam, aliando a tradição com design contemporâneo”, explica. O grande mestre nessa
“viagem” foi Kentaro Yamamoto, um dos mais reconhecidos designers industriais do mundo. Entre seus principais
trabalhos estão a "Yamaha Motorcycle V-MAX" e "Yamaha Audio TIFFANY".
“Um dos fatos mais marcantes foi quando estive em Hiroshima, no epicentro onde caiu
a bomba atômica. Naquele momento olhei para cima e imaginei tudo o que tinha acontecido ali. Foi um momento onde morri
e nasci novamente”, relata Carl. “Decidi ter um propósito de vida, fazer algo que impacte de forma positiva
a vida das pessoas para tornar o mundo um lugar melhor. Por isso concentrei o meu foco em materializar projetos de design
de produtos que possam cumprir essa missão”.
Após seis meses de curso, ele retornou ao Brasil e à sua rotina de trabalho
no Instituto Senai de Tecnologia em Metalmecânica, onde passou a aplicar os conhecimentos adquiridos no Japão.
“Consegui entender toda a metodologia de desenvolvimento de produto pensando na concepção de forma globalizada”,
explica. “No Japão todo produto criado já está pronto para ser exportado. Aprendi a idealizar produtos
para exportação, para que atendam diversos costumes, necessidades e países diferentes”, completa.
Desde então, passamos a ser reconhecidos por isso aqui no Senai, ganhando prêmios
importantes. Entre eles, 1º e 3º lugar no Prêmio Design Museu da Casa Brasileira, na categoria eletroeletrônicos
de 2021; o de projeto finalista no IF Design Award 2021 (International Forum Design); duas medalhas de prata no Brasil Design
Awards 2021, entre outros, além do recente Design for a Better World Award 2022- Projeto Formiga, que é um carrinho
elétrico para coletores de materiais recicláveis. “Este é o resultado do conhecimento que coloquei
em prática aqui no Senai, algo que nos orgulha e agrega valor ao nosso trabalho junto a nossos clientes, além
de ser um grande diferencial competitivo para nós”, acrescenta.
Atualmente, como parte do time de desenvolvimento de produtos no IST Metalmecânica,
de Maringá, ele aplica a metodologia de observação do usuário para entender as reais necessidades
e funcionalidades que um produto deve ofertar no momento de sua utilização, suas aplicações. Também
faz uma análise de mercado e da concorrência, avalia os materiais a serem utilizados, processos de fabricação
e tecnologia a ser incorporada. Faz ainda o estudo da ergonomia do produto, como interage com o consumidor e de que forma
ele vai se relacionar com os outros produtos, além de um estudo de tendências, viabilidade comercial e financeira.
“O principal ponto é que um bom design se vende naturalmente. A proposta é
criar algo que de fato tenha o menor custo possível de produção, com maior possibilidade de valor agregado
para aumentar o faturamento da empresa”, reforça. “Mas tudo isso sem esquecer nossa essência e meu
propósito que é inovar para melhorar a vida das pessoas”, conclui.