Tecnologia no campo: mais produtividade dentro e fora da porteira
Até 2047, o IBGE estima que a população brasileira será de 233,2 milhões de pessoas. Atualmente, são 208 milhões, que movimentam a economia, o mercado de trabalho, a educação e os negócios. Diante de números tão grandes, é simples entender a importância do agronegócio: é preciso produzir o suficiente para alimentar todas essas pessoas.
Mas não é só o consumo que determina o crescimento do setor. As mudanças comportamentais dos brasileiros em relação à saúde, meio ambiente e qualidade de vida passam, obrigatoriamente, pelo prato. Segundo Anna Gobbo, analista de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação do Sistema Fiep, o acesso à informação revolucionou o agronegócio. “Os consumidores estão mais exigentes, buscando produtos diferenciados. Há um grande interesse em saber a origem do que se está consumindo, onde foi cultivado, processado, sob quais condições, a sua composição e até mesmo o impacto sobre a sua saúde e a das pessoas envolvidas na manufatura”, analisa.
Se a tecnologia impactou a forma de se alimentar, também se consolidou como ferramenta para melhorar a produtividade no campo. Internet das coisas, big data, cloud computing, inteligência artificial, e realidade virtual e aumentada são usadas em busca de maior gestão. Permitem captar e analisar dados em tempo real. “Os dados ajudam a obter eficiência na aplicação de insumos, com histórico e previsão meteorológica para uma determinada área. Há ganhos excelentes em produtividade, qualidade e redução de custos”, exemplifica Anna.
Agricultura de precisão
De acordo com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, 67% das propriedades agrícolas já utilizam algum tipo de tecnologia, com destaque para a agricultura de precisão. Também chamada de agricultura 3.0, fornece dados para que os produtores possam otimizar o uso das áreas rurais, plantando na hora certa e com a quantidade exata de insumos. A analista do Sistema Fiep, Anna Gobbo, destaca algumas soluções que já são amplamente utilizadas no Paraná e no Brasil: “implementos agrícolas com receptores, computadores de bordo e dados de estações meteorológicas são alguns exemplos. As informações são analisadas de forma combinada e dão um panorama que facilita a tomada de decisões por parte do produtor rural”, diz.
A digitalização no meio rural vem acontecendo dentro e fora das porteiras. Nos ambientes fabris, a indústria utiliza análises preditivas para identificar necessidade de manutenção em equipamento, rotas inteligentes para todas as operações e ferramentas virtuais que simulam a fábrica para treinar colaboradores.
Do presente para o futuro
Responsável por 30% do PIB estadual, segundo o Ministério da Agricultura, o setor agrícola paranaense se destaca na produção de grãos e carnes. As soluções também aumentam: há tecnologias de gestão para monitorar a temperatura e o conforto ambiental dentro das granjas e o plantio de soja no Estado é feito com softwares de precisão. “A agricultura 4.0 já é uma realidade e especialistas dizem que o próximo passo são as Smart Farmings, ou fazendas inteligentes e conectadas. Drones, satélites, e previsões meteorológicas já são utilizadas. Agora, busca-se conectar pessoas a máquinas, máquinas a máquinas, e analisar esse grande volume de dados que vem sendo gerado”, avalia Anna Gobbo.
Com atuação transversal, o Sistema Fiep tem apoiado os produtores desde a análise da produtividade até a implementação de tecnologias para o campo. Por meio do Senai no Paraná, há consultorias em lean manufacturing, eficiência energética e gestão da inovação, que auxiliam profissionais do agro a obterem mais assertividade nos processos. O Sistema Fiep também conta com sete institutos de tecnologia e dois de inovação, um Centro de Mobilidade Inteligente e Sustentável e um HUB de Inteligência Artificial Senai, com equipes de pesquisa e tecnologia de ponta. Anna Gobbo elenca algumas iniciativas relacionadas diretamente ao agro, como os Institutos Senai de Tecnologia (IST) em Meio Ambiente, Alimentos, Papel e Celulose e TIC. “Além disso, por meio do HUB de Inteligência Artificial e das Aceleradoras do Sistema Fiep, desenvolvemos projetos, apoiamos, aceleramos e conectamos agrotechs com as indústrias do Paraná e outros estados. Nosso objetivo é instrumentalizar o crescimento agrotecnológico”, conclui.